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Cultural Bridges: O impacto da cultura canadense na educação e vida brasileira Episódio 11

Cultural Bridges: O impacto da cultura canadense na educação e vida brasileira

· 21:30

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00:00 Speaker: Olá, queridos ouvintes do Podbear. Sejam muito bem-vindos a mais um episódio recheado de aprendizado e descobertas. Hoje, nosso episódio conta com a presença de uma convidada muito especial. Uma verdadeira enciclopédia da educação, Clemari Ribeiro.
00:22 Speaker: Com seus 30 anos de experiência como professora, coordenadora, diretora pedagógica, professora universitária, fundadora de escola, autora de materiais didáticos, consultora da Unesco e até psicopedagoga clínica. A Clemari tem um universo de conhecimento para compartilhar com a gente. É uma honra tê-la aqui, Clemari. E para deixar esse papo ainda mais especial, nós do Middle Ears estamos aqui para fazer as perguntas.
00:49 Speaker: Isso mesmo. Eu sou a Isabela e eu estou muito animada para conversarmos sobre esse assunto incrível, de como a cultura brasileira influencia na cultura canadense. E eu sou a Helena. Prepare-se, porque iremos fazer uma viagem cultural sem sair do lugar. Olha, é um prazer estar aqui com vocês, com uma turma tão afiada, para a gente bater um papo bem gostoso. Muito obrigada pelo convite. Vivi!
01:17 Speaker: Helena e Isabela. Miss Clemari, com sua vasta experiência em educação, que inclui tantos projetos multiculturales, como você enxerga a importância de um intercâmbio cultural entre países tão diversos como o Brasil e o Canadá? Qual é o valor real disso para a formação dos nossos alunos e para a sociedade em geral? Então, com esse...
01:43 Speaker: a descrição das atividades todas que eu já fiz, e tem muita coisa junto, o que marcou muito a minha trajetória foi que eu trabalhei sempre em escolas... bilingües. Mas, assim, eu comecei numa canadense, depois eu trabalhei numa coreana, numa japonesa, numa árabe, numa judaica, aí eu fui para uma multicultural e só depois que eu foquei no inglês só. E o que eu percebo é o quanto isso enriqueceu a minha carreira, porque o que o bilingüismo traz não é só a língua.
02:24 Speaker: Não é só o inglês que vocês aprendem. Acho que o mais importante até é a cultura canadense que a gente começa a conhecer melhor a partir do momento que está inserido nesse universo. Então, é muito enriquecedor para vocês. Me exclamar, a gente queria saber se você já teve alguma experiência mais de perto com a cultura canadense. Tipo, já viajou para lá, já trabalhou com eles ou conhece pessoas de lá? Então, eu viajei para lá há muitos anos, porque eu tenho uma prima que mora em Vancouver, mas eu só fiz conexão em Toronto, estava a menos 18 graus, eu só fui lá fora tirar fotografia da neve e entrei correndo para pegar o meu voo para Vancouver.
03:15 Speaker: Mas agora, conhecendo os canadenses, eu estou fazendo um monte de amigo canadense. Nossa, vocês não têm ideia como eles são educados, gentis, como eles gostam do Brasil. Então, a gente tem trocado muitas ideias, porque, frequentemente, eu estou numa escola junto com algum outro treinador canadense, e a gente começa a ver os pontos em comum. E eles começam a mostrar para a gente um Brasil que a gente...
03:44 Speaker: não valoriza tanto. Umas coisas tão lindas que a gente tem e que só quem está de fora é que vê. Então, a gente curte as belezas do Canadá. Eu sou louca por aquelas paisagens. Eu cresci vendo filmes rodados no Canadá. Então, parece um lugar mágico. E, de repente, eles vêm para cá e falam que é mágico o Brasil. Olha que coisa linda! Então, eu tenho tido essa experiência agora.
04:17 Speaker: Conhecendo os meus colegas canadenses, de quanto é uma cultura acolhedora, quantos pontos em comum tem com a gente, porque o Canadá também é um país multicultural. Nós somos um país multicultural. Nós também acolhemos pessoas do mundo inteiro, e eles também. Mas eles acolhem de um jeito, a gente acolhe do outro, eles têm leis diferentes das nossas. Então, é muito interessante.
04:46 Speaker: a gente fazer essas trocas. Miss Clemari, no Canadá se fala inglês e francês. Como você acha que o bilinguismo de lá nos influencia aqui no Brasil para quem está aprendendo uma segunda língua? Acho que por isso, para a gente perceber que quanto mais cedo começar, melhor.
05:09 Speaker: como eles estão num país que tem duas línguas oficiais, eles aprendem as duas já desde cedinho. E aí fica muito mais fácil deles aprenderem várias outras, apesar que eles têm um pouco de dificuldade com o português, e a gente dá nó na cabeça deles. Alguns tentam bravamente, mas é difícil. Mas, no geral, você, desde pequeno, está falando duas línguas, depois fica muito mais fácil.
05:38 Speaker: de você aprender todas as outras. Diz que abre uma janelinha na nossa mente, uma janela linguística, para que o seu cérebro consiga entender, mesmo que não muito bem, mas a gente se vira e acaba entendendo várias outras línguas. A próxima pergunta é, quais valores da cultura canadense, como o respeito à diversidade, a valorização da natureza ou a tolerância, você acredita que seriam mais benéficos para nós brasileiros no nosso dia a dia? Acho que você já falou, né? Eu adoro a maneira respeitosa como eles tratam.
06:17 Speaker: todas as pessoas, indistintamente. A gente, às vezes, chega junto de manhã, eles chegam cumprimentando com o mesmo carinho, com a mesma atenção, desde o porteiro até os professores, a cozinheira, eles agradecem pela comida, eles elogiam tudo. Então, eu acho que esse respeito a gente tem que trazer muito, porque brasileiro é meio estabanado, às vezes entra, não cumprimenta ninguém, depois que lembra.
06:46 Speaker: Oh meu Deus, não cumprimentei Isso tem que estar dentro Tem que fazer parte da gente para sair sem querer, você não esquecer de cumprimentar ninguém, de ser gentil com ninguém, de fazer um elogio, de reparar, mostrar para a pessoa que está reparando. Eles reparam em tudo, eles elogiam tudo. Esse encantamento com a natureza, a gente tem que ter também, porque nós temos a melhor natureza do mundo. Esse valorizar o seu lugar, tudo isso é importante.
07:23 Speaker: Na pergunta que a Isela fez, como você aprendeu o seu inglês? O meu inglês eu aprendi na escola, num tempo que a escola pública ensinava inglês e francês, podia quase ser uma canadense. E eu aprendi bem. Não sei se eu tinha facilidade para línguas, mas eu gostava. Mas eu adorava francês. Eu queria estudar francês. Só que aí eu fui fazer filosofia e usava só francês na minha bibliografia. Todos os livros que a gente lia na faculdade eram em francês.
08:01 Speaker: Mas, quando eu resolvi fazer letras, eu pensei, bom, o inglês tem mais abrangência, tem mais oportunidades. Então, eu fiz português e inglês. Então, eu dei aula de inglês, inclusive, mas é que eu sou apaixonada pelo português. E aí eu acabei deixando um pouquinho o inglês de lado e focando no português. Mas eu adoro quando eu tenho oportunidade de conversar com os canadenses, porque eles são bem pacientes.
08:31 Speaker: com o meu inglês, que não é muito bom, porque a gente tem que praticar. Tem que falar, falar, falar. Por isso que na Maple Bear a gente procura conversar o tempo todo em inglês com todo mundo. E aí, como eu foquei no português, eu fiquei muito tempo sem praticar, agora eu estou adorando praticar com eles. E com essa sua atuação em escola bilingües e multiculturales,
08:54 Speaker: Deve ter te dado uma visão única. Algo específico que você notou na cultura canadense que se alinha aos seus projetos de vida? Eu achei muitas coisas que se alinham, sim. Eu nunca tinha prestado muita atenção no Canadá. Apesar de eu ter começado a trabalhar numa escola canadense, não tínhamos essa imersão.
09:20 Speaker: A minha geração não teve muito contato com o Canadá. Eles eram um país mais quietinho, isolados, que pouco se falava. Foi uma geração que era americana. Tudo era os Estados Unidos. E agora eu comecei a perceber o quanto a gente tem em comum com o Brasil, inclusive a história.
09:42 Speaker: A independência deles, que agora vai comemorar, vai ser o dia do Canadá, o dia da independência deles foi como a nossa, foi concedida pelo governo britânico. Eles não lutaram e derramaram sangue para conseguir. Como a nossa, foi o português que veio e proclamou a nossa independência.
10:03 Speaker: Então, tem vários pontos em comum, mas que eles encaminharam de forma diferente. O que eu procuro aprender é isso, porque eu acho que foi uma forma mais bonita, mais eficaz, que a gente pode aproveitar. Se pudesse trazer algo da educação caradense às nossas escolas no Brasil, o que seria e por quê? Formação de caráter.
10:29 Speaker: O canadense está mais focado em formar pessoas de caráter que garantam que o Canadá continue sendo um país de referência do que acumular. Até porque, hoje em dia, o conteúdo todo que a gente quer está no celular, está nas redes sociais. Daqui a pouco vai estar num chip, no pulso da gente. Então, acho que a formação do caráter, formar seres humanos que construam um mundo melhor, é o que a gente tem que copiar e, de preferência, fazer melhor ainda.
11:10 Speaker: Assim como eu, muitos jovens sonham em estudar fora. Miss Clemari, qual conselho você daria para quem se interessa pela cultura canadense e quer se aprofundar nela? É fazer isso, se buscar informação, assistir filme, ler os livros, conversar muito com os canadenses.
11:31 Speaker: porque quanto mais você souber da cultura canadense, mais você vai se adaptar melhor quando estiver lá. Inclusive essas questões de polidez, de gentileza, que às vezes eu tenho ex-alunos que moram lá agora e eles falam que... eles sentem muito isso, que às vezes eles não falam, com licença, por favor, muito obrigado, desculpe, aquelas frases básicas de educação, e os canadenses ficam chocados, como que alguém não faz essas coisas. Então, conhecer o jeito de ser, o jeito de falar, a cultura.
12:14 Speaker: a determinação que eles têm que desenvolver por viver num país tão gelado, os desafios que eles enfrentam. Quanto mais a gente souber de tudo, mais fácil fica não só a vida no Canadá, mas a vida no mundo. Miss Clemari, qual a sua experiência como psicopedagoga?
12:42 Speaker: Fala para a gente como isso contribuiu no seu trabalho de hoje, de treinador, de auxiliar os professores e a coordenação no dia a dia. Eu acho que foi muito bom, porque o meu olhar, tanto para os professores quanto para os alunos, já envolve esse... emocional que, como psicopedagoga, a gente tenta entender. A gente tenta analisar como a educação está ligada ao emocional. Se a pessoa não está bem, difícil de aprender. Então, eu consigo perceber melhor, talvez ter mais sensibilidade para perceber.
13:22 Speaker: ou quando o professor não está bem, ou quando o aluno não está bem, ou quando o coordenador, às vezes também o coordenador não está bem. E aí é muito bom porque eu consigo, pelo menos eu tento, acolher, conversar, dar um pouco de risada, e aí a comunicação fica mais fácil. E para a gente finalizar...
13:47 Speaker: Com um jeitinho bem leve e divertido, a gente vai ter um bate-bola agora. As minhas vão fazer umas perguntas e tem que responder o que vira somente, tudo bem? Se você pudesse escolher um animal símbolo do Canadá que te representasse, qual você escolheria? Que me representasse? Olha, a primeira coisa que vem é o alce, porque eu adoro cavalo, eu sou cavalo noróscopo chinês, mas carregar todo aquele peso na cabeça eu não ia dar conta. Eu quero ser um cavalo que sai pulando por aí, de preferência que voa. Então eu fico com o urso mesmo, porque eu adoro abraçar. Eu sei que é folclore, que na verdade quando eu uso o abraço é para matar, né? Mas eu fico com um ursinho fofinho.
14:34 Speaker: Qual comida canadense você teria curiosidade de experimentar ou que já experimentou e gostou muito? Eu quero ir pra lá só pra comer poutine, porque os meus amigos canadenses falam tanto nesse poutine, eu fui procurar a receita, não tem chance de dar certo aquilo. E todos dizem que é maravilhoso, então eu já tentei comer o daqui, pra mim não deu certo mesmo. Mas eu vou querer comer lá pra ver se o de lá, que gosto que tem, que eles gostam tanto.
15:06 Speaker: Entre o inglês e o francês, as línguas oficiais do Canadá. Existe uma palavra que você admire em algum desses idiomas e que tem um significado especial para você? Nossa, que pergunta difícil. Não sei. Em inglês, eu adoro serendipity. Depois vocês vão procurar o que significa. A gente, em trabalho de português, já tem serendipite. Ah, então. Eu acho que é aquilo que acontece que você não está esperando e que é muito, muito bom. E em francês, ai, gente, eu só lembro do très chic agora. Não lembro de uma outra palavra, não. Merci. Merci.
15:52 Speaker: E por último, se você tivesse que indicar um livro ou filme que na sua opinião mostre bem a cultura canadense, qual seria? Não sei te indicar, eu já li vários livros canadenses, tem duas autoras que eu amo, mas não lembro o nome, eu sou péssima para guardar nome, eu guardo a história só. E filme canadense, eu já assisti muitos, muitos, muitos, mas também não vou lembrar nome para te falar. E por falar em livro, você também já escreveu livros, não é? Conta para a gente um pouquinho. Foi uma experiência incrível. A vida inteira, eu li muito e escrevi muito.
16:32 Speaker: Todo o tempo eu tenho toneladas de coisas escritas. E agora, depois de velha, eu falei, não, não vou morrer e deixar tudo isso aí, vou começar a publicar. Já estou agora preparando o próximo. O próximo vai ser infantil, para as crianças, para a minha netinha que nasce em setembro. E o ano passado eu publiquei um de ficção adulto, uma história que veio um dia que eu estava caminhando na rua do nada, tinha conversado com uma mãe, eu era coordenadora na época, peguei um pouco das coisas que ela me falou e a imaginação que quando você caminha vai longe, né?
17:10 Speaker: E aí, na hora de escolher, eu achei que era o menor, era mais fácil, porque é um trabalhão você publicar um livro, reescreve, faz revisão e vai e volta. Então, eu escolhi um menorzinho de todos e agora acho que ninguém me segura mais. Agora eu vou publicando. E aí, como foi essa experiência de publicar um livro? Muito boa, muito boa, principalmente porque era o meu sonho.
17:35 Speaker: Eu sempre sonhei com isso. Então, foi muito bom para todo mundo que me conhecia ver que dá para a gente realizar os sonhos da gente quando a gente vai atrás, caminha em direção, quando você tem um foco, quando você tem um objetivo, dá muito certo. E é prazeroso. Foi...
17:56 Speaker: o dia do lançamento, todos os amigos juntos, acho que foi mais gostoso ver que todo mundo que torceu a vida inteira para eu publicar um livro estava lá, celebrando junto comigo, que eu nem me preocupei muito se ia fazer sucesso ou não, eu me preocupei mais com... o fato de ter essa rede de tanta gente torcendo por nós. Quando você tem um objetivo claro, parece que vem um monte de gente também torcer com você. Com certeza. E foi um prazer imenso ter você aqui conosco. Eu adoro conversar com vocês. E só para a gente finalizar, deixa um recadinho para todos os estudantes, principalmente, da importância da curiosidade cultural.
18:40 Speaker: A curiosidade, eu acho que é o fundamental para tudo na vida da gente. E como a gente está numa era em que as coisas estão vindo muito prontas, às vezes, a gente esquece de ir atrás, de procurar. Falou nisso, vou procurar o que significa. Falou num lugar, deixa eu saber como é esse lugar, como é que eles vivem lá, o que eles comem, o que eles fazem, que bicho que é o símbolo.
19:10 Speaker: as casas, eu tive na... Na Bélgica e nos Países Baixos, agora nas últimas férias, eu parava na frente das casas e falava, meu Deus, como seria sensacional eu morar aqui. Eu ficava imaginando eu naquele lugar. Então, eu acho que é isso que a gente tem que resgatar e que o mundo moderno está tirando um pouco da gente com a rapidez. Você faz tudo muito rápido e não para para prestar atenção. Então, você para na frente, olha e deixa a imaginação.
19:44 Speaker: fluir, olha que legal. Aí você se encanta com as coisas e você curte. Na minha última viagem para a Argentina, eu parei na frente do Palácio Rosado e fiquei feita uma boba, dando risada sozinha, lembrando de um amigo que falou que, quando estava lá, parou na frente da Casa Rosada para cantar Don't Cry For Me, Argentina. E eu imaginava aquela pessoa parada no meio da praça, cantando para Evita. E aí eu fiquei rindo sozinha no meio da praça também.
20:22 Speaker: Isso chama flow. Esse fluir, esse dar um tempo, para, respira fundo, observa. E já que vocês têm a tecnologia tão na mão, vai atrás. Pergunta para o chefe de GPT como é viver no Canadá. Imagine que você é um canadense e que você quer dar conselhos para mim de como estudar lá.
20:49 Speaker: Vocês têm agora essa chance, é sensacional. Então, além de conversar com as pessoas, vocês podem explorar a tecnologia de forma a... Não perde a curiosidade. Esteja sempre perguntando. Usa a metodologia Maple Bear para... Pergunta, pergunta, pergunta, pergunta, pergunta. Porque é assim que a gente descobre o mundo.
21:15 Speaker: Muito bem, muito obrigada mais uma vez, obrigada Helena, obrigada Isa, obrigada Emílio Climari, Leone, Diego e a todos os ouvintes. Já já nós voltaremos com outro PodWear, quem sabe nesse mesmo semestre, né? Obrigada.

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