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# PodBear ep3
00:00 Speaker: Podbear, pode falar. Podbear, pode falar. Podbear, pode falar. Podbear, pode falar. Podbear, pode falar. Olá, ouvintes. Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do nosso podcast. Podcast literário especial da Feira do Livro. Eu sou o Luiz. E eu sou a Ana Carla. Hoje temos uma convidada super especial. A escritora e contadora de histórias Fernanda. Fernanda, é um prazer ter você aqui com a gente. Seja muito bem-vinda. Muito obrigada. Prazer é todo meu. Luiz, Ana Carla, Semiramis e o pessoal que está ouvindo.
00:48 Speaker: Vai fazer algumas perguntas para você, mas a pergunta é, para começar, Fernanda, quais habilidades você considera importantes para um bom contador de história? Eu acho que, antes de a gente contar histórias, a gente tem que ouvir histórias, ler e ouvir o mundo.
01:11 Speaker: Perceber as pessoas, perceber as músicas. Porque se você não for um bom ouvinte, você não vai ser um bom contador de histórias. Tem que perceber e ouvir o mundo. Excelente resposta. Nós pesquisamos um pouco e descobrimos que a contação de histórias é, de fato, uma profissão. Você a vê apenas como um trabalho ou também como uma arte?
01:41 Speaker: eu vejo como um trabalho. É uma arte, mas tem muita pesquisa em cima disso. Eu sempre gostei de contar histórias. Quando eu tinha a idade de vocês, por exemplo, eu cantava, eu contava histórias, eu lia bastante. Mas, hoje, como uma profissional das histórias, eu vejo que é um ofício mesmo, é um trabalho.
02:07 Speaker: Se a gente não se empenhar, se dedicar, as coisas não acontecem. Agora a gente vai focar um pouquinho mais na sua trajetória. Como você começa a criar histórias? Você inicia a criação pelos personagens, por um tema específico ou por uma ideia central? Geralmente...
02:31 Speaker: É um tema específico. Eu gosto de observar o que as coisas estão acontecendo, o que as pessoas estão falando. E, a partir desse tema, eu começo a elaborar os personagens, ou, às vezes, de algum livro que eu gosto muito, me apaixono, e acabo tirando a história para poder contar. Porque uma coisa é o que está escrito.
02:59 Speaker: Outra coisa é para ser contado. Tem uma diferença. Tem o texto narrativo, texto literário para ser lido. E tem o texto para ser contado na parte da oralidade. Muito obrigada. A gente viu que você fez duas viagens internacionais. Uma para a Argentina e outra para Portugal. Como foram essas experiências? Foi bem bacana. Porque lá, diferente do Brasil...
03:27 Speaker: Eu contei histórias para adolescentes. Na Argentina, por exemplo, foi uma quadra lotada de adolescentes. Tinha 200 adolescentes, todos sentados na quadra, e eu contando histórias. Ninguém pegava no celular, todo mundo ouvia as histórias. Então, eu percebi que há um hábito de ouvir histórias.
03:53 Speaker: E fui para Portugal também. No México, foi bem legal, porque também foram para adolescentes. Então, eu percebo, diferente um pouquinho do Brasil, os adolescentes também gostam de ouvir histórias. Não que os adolescentes do Brasil não gostem de histórias, mas nós não temos o hábito de contar histórias para eles. E você se sente realizada com a sua profissão?
04:21 Speaker: Muito. Eu sou muito feliz. Eu falo que, de tudo que eu já fiz, contar histórias é o que eu mais amo fazer. E, às vezes, tem pessoas que falam para mim, nossa, você fez jornalismo, letras, pedagogia, e hoje você conta historinhas para criancinhas? Eu digo, não são historinhas para criancinhas, são histórias, são homeopatias de histórias de verdade para seres humanos em desenvolvimento.
04:56 Speaker: Então, eu acho que eu me encontrei nas histórias. Eu acredito que eu faço uma coisa muito nobre, que é propagar as histórias. Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou nesse caminho? Acredito que seja o olhar das pessoas com relação a esse trabalho. As pessoas não veem como uma profissão. Eles veem como um trabalho voluntário.
05:24 Speaker: Então, eu tenho dificuldade sobre isso. Hoje, não. Hoje, as pessoas veem como uma profissão, pelo menos comigo. Mas as pessoas pedem, vai na minha escola. Elas não veem que é um trabalho, que eu deixei as minhas aulas só para contar histórias. Então, eu tenho essa dificuldade. Mas hoje, quanto mais contadores de histórias profissionais existem, mais as pessoas percebem que é uma profissão.
05:52 Speaker: Que bom, não é? Que bem. E você considera contar histórias para adultos tão interessantes como contar para as crianças? Sim. Para ouvir histórias, não tem idade. Só que a gente tem que levar histórias para o público certo.
06:12 Speaker: Cada um tem a sua linguagem. Para as crianças é uma linguagem, para os adolescentes outra e para os adultos uma outra linguagem. E você tem alguma experiência com adultos assim para contar para a gente? Tenho. Tenho várias experiências. Uma delas é uma história da Marina Colassanti chamada Mulher Ramada, que valorizam as mulheres, que as mulheres têm que ser amadas do jeito que elas são. E eu me lembro de uma mulher que, terminando a história, ela chorou.
06:47 Speaker: E ela disse que ela tem que ser amada do jeitinho que ela é, que ela tem que se valorizar mais. E isso mexeu bastante comigo. É muito acolhedor, né? Sim, acolhe, exatamente. Você decidiu trabalhar com foco maior no público infantil, certo? Então, qual foi o motivo dessa sua escolha? Aqui no Brasil, o mercado é mais para o público infantil. Mas eu acho...
07:16 Speaker: Porque as crianças têm uma alma mais aberta. Elas são mais receptivas às histórias. Então, é muito gostoso. Porque, quando elas gostam, elas falam. E, quando elas não gostam, elas falam também. E isso é gostoso. Obrigada. De nada. Para você, a participação do público que você está contando a história...
07:45 Speaker: te incentiva na história, te ajuda a chegar onde você quer com a história. Para você, a reação do público influencia? Sim, influencia bastante. Inclusive, trabalho com o Marlon Prado. Ele é um excelente músico. E, às vezes, a gente conta a mesma história para públicos diferentes e a reação é outra.
08:14 Speaker: No final, a gente conversa sobre isso. Então, a influência do público é direta na história. A mesma história, público diferente, reações diversas. E a gente se sente muito bem quando o público gosta de ouvir a história. É bem bacana. Ajuda na contação de histórias. E a gente olha nos olhares, olha para as pessoas. Se elas estão interessadas, parece que...
08:44 Speaker: Dá mais vontade de contar. Fernanda, foi um enorme prazer ter você aqui com a gente. Muito obrigada por compartilhar suas experiências e paixão pela contação de histórias. Eu que agradeço o convite e a recepção de vocês. Muito obrigada. Você contou as histórias lá no palco. Nós achamos incríveis também. Muito obrigada. Eu só tenho a agradecer. Agradecer a escola. Agradecer o meu amigo.
09:13 Speaker: muito talentoso, Marlon Prado, que tem as histórias, mas a música vem para aumentar e valorizar ainda mais. E um abraço, um carinho especial para a minha professora Semira Mis, minha professora de jornalismo, que eu amo tanto.
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